A opinião de quem já trabalha com o 9800i
Mas fato é que, mesmo com sua cabine avançada de alumínio rebitada, para-brisa bipartido e o painel tão conservador quanto os caminhões dos anos 1970, no Brasil o International 9800i tem alguns adeptos. Em uma segunda repaginada que a fabricante deu ao veículo, quando voltou a comercializá-lo no Brasil, a marca trocou o câmbio seco por sincronizado – alvo de maior reclamação do modelo que foi muito vendido por aqui entre 1998 e 2002. Lógico que ainda há quem prefira o câmbio seco em vez do sincronizado, assim como há quem prefira a máquina de escrever manual em vez do computador.
Em 2001, quando o empresário foi fazer a renovação de sua frota, até então 100% Scania, resolveu conhecer outras marcas e o que o atraiu no International, inicialmente, foi o preço, o que também o incentivou a fechar uma compra de 78 modelos do 9800i configurados 6x4, ou seja, 21% do total vendido pela International no Brasil (348 unidades), considerando todos os modelos disponíveis. “A fábrica fez uma excelente proposta, mas eu conheço a marca, suas peças são conhecidas no mercado desde os anos 1970 e o DNA dos caminhões norte-americanos se faz pela robustez”, diz Buzin.
Buzin ainda acrescenta que a suspensão dianteira do caminhão incomodou os seus motoristas, por ser mais rígida e nas rodovias isso se traduzia em maiores impactos. “Mas foi algo que a International resolveu rapidamente e reduziu as trepidações nas rodovias”.
O empresário detalha que, com a compra do International, ele encontrou um ponto de equilíbrio à sua frota, no que tange a custos operacionais. Hoje ela é praticamente formada por 50% dos modelos R 420 e o restante pelo 9800i de 410 cv, todos 6x4. “Meus caminhões têm um ano de uso, mas como renovo praticamente a cada dois anos, vou continuar comprando as duas marcas, porque para a minha atividade ambas deram certo”.
No que se refere ao pós-venda, o empresário reconhece que, em relação ao Scania, a International não cobre em número de concessionárias, o que não se tornou um impeditivo porque a sua rota está entre os estados do Sul e Sudeste, regiões em que a pós-venda é bem coberta pela fabricante de origem norte-americana.
Já no mercado independente...
Talvez seja um pouco mais complicado achar peças do caminhão no mercado independente logo de primeira. Nas primeiras cinco ligações que nossa reportagem fez para revendas espalhadas pelo país, Goiás, Rondônia, Roraima e duas em São Paulo, três disseram nem conhecer o caminhão. Duas informaram não trabalhar com a revenda de peças para esse modelo, sendo que um vendedor de Goiânia ainda informou não revender as peças do International por ser difícil ver o modelo pela região e por haver uma concessionária da marca no local.
Já quem reside ou trafega com o caminhão no sul do país vai encontrar com facilidade as peças 9800i em revendas. Na primeira ligação a uma loja de Caxias do Sul, fomos bem atendidos com o retorno imediato do vendedor. Para tirar a prova se na região o International é uma marca conhecida, ainda ligamos para mais quatro revendas, e de fato todas trabalham com vendas de suas peças.
No que se refere às vendas, Carlos Toledo, vendedor da Pinheirinho Caminhões, localizada em Curitiba, PR, afirma ainda não ter recebido nenhuma unidade do 9800i produzida a partir de 2010, porém, os modelos produzidos até 2002 ele já vendeu muitos, no entanto, com dificuldade. “Os mais antigos têm uma manutenção muito cara e o mercado sabe disso, por isso há receios. Já sobre os modelos mais recentes, escuto falar muito bem porque ele deixou de ter a característica de caminhão americano como a caixa seca, mas ainda não apareceu nenhum por aqui”, completa.
Após ligar para algumas revendas espalhadas pelo país, nossa equipe descobriu que ainda é difícil encontrar o 9800i produzidos a partir de 2010, contudo há procura, pelo fato de o caminhão ter um bom preço, em relação aos concorrentes e aos novos Euro 5, um bom argumento para quem quer um caminhão novo ou seminovo equipado com freios ABS, ar-condicionado e bancos com suspensão pneumática.
Thebar Augusto Guedes, gerente comercial da Interbrasil, concessionária International do Rio de Janeiro, afirma que esse é um bom momento para comprar modelos Euro 3, por estarem entre 10% e 15% mais baratos em relação aos modelos com tecnologia Euro 5. Apesar de a empresa estar vendendo relativamente bem os Euro 3, Thebar reconhece que poderia ser melhor, não houvesse dificuldade de créditos. “Há procura pelo modelo, temos vendido bem a versão 6x2, que é mais o perfil do transporte do Rio de Janeiro, que o utiliza no tanque e na vanderleia, contudo, com essa fase da economia, nenhum banco quer ser credor a juros na casa dos 3%, e aí é que acontece a dificuldade”.
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