O grupo alemão Volkswagen levou anos para concluir o processo de aquisição de ações e ganhar participação majoritária em dois importantes fabricantes de caminhões e ônibus da Europa – a sueca Scania e a alemã MAN.
A partir de agora, porém, a busca da unificação de processos entre ambos ganha ritmo acelerado e alinha-se à estratégia de tornar-se o maior produtor de veículos do mundo.
Dois meses depois de assumir a presidência mundial da Scania, Martin Lundstedt veio ao Brasil esta semana para participar de reuniões estratégicas. Segundo ele, não está previsto nenhum tipo de integração entre MAN e Scania. “Muitas pessoas falam sobre integração, mas as duas marcas continuarão a atuar completamente separadas e concorrentes”, diz.
Com Scania e MAN, o grupo Volkswagen ganha fôlego na meta de conseguir, até 2018, roubar da General Motors o posto de líder mundial. Segundo Lundstedt, o processo de colaboração entre as marcas se dará em áreas de pesquisa, que envolvem altos custos, e compras de certos componentes, como eixos.
Na área de caminhões, a grande mudança foi o deslocamento do principal executivo da Scania, Leif Oestling para a equipe de comando do grupo. O alemão incumbiu Oestling de guiar o processo de cooperação entre as marcas de comerciais leves – Volkswagen, Scania e MAN.
É justamente o lugar de Oestling que Lundstedt assumiu em 1º de setembro. A missão não é nada fácil. Aos 67 anos de idade, Oestling concluiu carreira de 40 anos na Scania. Em mais da metade desse tempo – 23 anos – ele foi o presidente da companhia, destacando-se por sucessivos períodos de rentabilidade.
“Leif é um grande cara e eu sinto-me desconhecido, mas orgulhoso numa posição emocionalmente forte”, diz Lundstedt. “Essa questão parece ser muito mais dramática para quem a vê de fora do que internamente.”
O executivo ainda não visitou a fábrica da MAN em Resende (RJ). Mas sabe pronunciar as palavras “consórcio modular”, nome do sistema de produção adotado naquela linha e que ele aprendeu durante passagem de oito meses pelo Brasil, em 1995.
Àquela época, as exportações tinham peso maior na produção da Scania e hoje é a vez do mercado interno ficar com os maiores volumes. Lundstedt não se abala com a chegada de mais competidores e nem com as regras do novo regime automotivo. “Somos globais e flexíveis, acostumada com a concorrência e a conviver com cenários distintos em diferentes regiões.”
Ele lembra que hoje a Europa, em crise, abastece mercados de exportação que antes pertenciam à fábrica do Brasil, a principal fora da Suécia. Quanto às relações governamentais, ele também não tem do que se queixar: “desde que nos instalamos no país, em 1967, tivemos boas cooperações com governos federais, estaduais e municipais”.
A relação entre Brasil e Suécia é, como ele diz, longa. Ou como lembra depois: “um caso de amor, que começou em 1958, quando o Brasil nos tirou a Copa do Mundo”.
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