Eduardo Meirelles, gerente de Desenvolvimento da 3T Systems
Existe uma forte tendência de supormos que a principal causa destes 90% seja a imprudência. Porém, nos casos de tombamentos, a imperícia é o fator mais importante, o que só pode ser tratado com treinamentos de motoristas. Porém, é extremamente difícil fazer com que o caminhoneiro desenvolva a capacidade de identificação do limite suportado pelo conjunto mecânico nas aulas instrutivas.
O principal motivo é que, devido aos custos, os caminhões usados para os treinos dos profissionais não são os adequados. Geralmente utilizam um de pequeno porte no treinamento e, na prática, acabam dirigindo conjuntos de mais de 40 toneladas e de centro de gravidade mais elevado.
Um veículo leve, de passeio, quando efetua alguma manobra crítica, ele primeiro “canta pneu”, depois derrapa e, se houver um obstáculo, ele pode tombar e capotar – como se o motorista fosse avisado do possível acidente. Com os veículos de carga isto não ocorre. Se a situação levar o caminhão a um esforço acima do limiar de tombamento ele nem canta pneu e nem derrapa. Ele, logo, tomba.
Este vem sendo um dos principais motivos de acidentes. Os caminhoneiros não são treinados para desenvolver a capacidade de identificação de limiar de tombamento. O veículo não “avisa” que está prestes a tombar. Fica, então, dificil e caro desenvolver esta sensibilidade.
Treinamentos práticos, para o motorista experimentar os limites, são caros. A preparação é específica conforme podemos ver no vídeo abaixo.
Porém, já existem equipamentos que podem ser calibrados para simular os efeitos da direção em um veiculo maior, mesmo o caminhoneiro sendo treinado em um veículo menor, tal como, apenas, o cavalo sem a carreta ou o Bi-Trem. O equipamento calcula qual seria o resultado da manobra se aplicada a uma carreta ou a um rodo-trem, registrando e alertando estes atos e permitindo que o motorista seja “avisado”. Tal como a “cantada de pneu”.
A redução dos custos da tecnologia vem permitindo que se usem as mesmas técnicas de treinamento de pilotos de aeronaves em aulas para condutores de veículos. Com simuladores, podemos criar situações bem semelhantes às reais e fazer com que o motorista perceba a diferença de uma mesma manobra aplicada a conjuntos diferentes. Pode também construir o condicionamento necessário para evitar movimentos que levaria o condutor a um tombamento.
Tal como nos simuladores de voo, será possível recriar toda uma viagem em uma estrada real totalmente digitalizada, com um conjunto mecânico igual ao que o motorista irá conduzir. Assim, ficará fácil avaliar o seu comportamento e risco, mesmo antes de colocá-lo atrás do volante real. É a tecnologia mais uma vez podendo diminuir drasticamente a quantidade de acidentes nas estradas que vemos todos os dias.
Penso que não vamos esperar muito para ver isto acontecer.
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